Primeira travessia noturna

Hoje, dia 28 de novembro, está acontecendo a nossa primeira travessia noturna em mar aberto com o Oby.
Partimos de Bald Head Island Marina às 14:40.
Acho que antes da descrição de como está sendo esta travessia, a Bald Head Island merece comentários.
Chegamos a Bald Head Island, em Cape Fear, na quinta-feira, dia 27/11, no final da tarde. O vento era forte e a correnteza para entrar na marina também.
A entrada da marina é protegida por moles, pois ela está bem na saída para o mar aberto em Cape Fear.
Apesar da correnteza forte, do vento assobiando seus 25 nós, do frio intenso e do feriado americano Thanksgiving docamos o barco perfeitamente com o auxílio de um velejador que nos viu entrar e veio nos ajudar. Essa comunidade de velejadores cruzeiristas é realmente sensacional.
Após docados resolvemos dar uma volta pela marina. Descobrimos que não era apenas uma marina, mas uma vila. E posso dizer que não era apenas uma vila, mais parecia um parque temático como a Disney ou o Wii Resort ou ainda a Ilha da Fantasia, para os que se lembram deste seriado, só faltou o Tatu vindo nos recepcionar com um colar de flores. O lugar impressionantemente bem cuidado, com uma quantidade incalculável de carrinhos de golfe, uma ponte de madeira construída perfeitamente sobre um charco com um clássico farol de 1817 ao fundo (Old Baldy Lighthouse, o farol mais antigo da Carolina do Norte).
Fazendo uma pesquisa rápida no Google maps descobrimos que a Ilha é enorme com muitas casas, algumas cinematográficas.
Resumindo, o lugar é fantástico!
Bom, voltando a travessia noturna…
Após almoçarmos em um dos restaurantes da vila, que era cheio de verdinhas (notas de dólar)  penduradas na parede e assinadas pelos clientes, partimos destino Charleston, Carolina do Sul. A previsão de viagem era em torno de 18 a 22 horas, com vento moderado de 10 a 15 nós na saída e diminuindo com o cair da noite, mar calmo com ondulação de 0,5 a 1,0 metro.
E foi exatamente assim que aconteceu.
Na partida flores foram oferecidas a Yemanjá, pedindo proteção nas nossas navegações. Dizem os supersticiosos que antes de se lançar ao mar o navegante deve lançar flores a Yemanjá, colocar uma moeda embaixo do mastro do veleiro e ter uma Nossa Senhora dos Navegantes a bordo.
A primeira das tres tarefas esta cumprida.
A noite foi tranquila com mar de almirante e a proteção de Yemanjá que recebeu flores tão cheirosas que deve ter ficado muito feliz.
Dividimos nossos quartos de leme em turnos de 3 horas. Antes do início dos turnos fizemos nosso jantar. Como hoje é sexta-feira, fizemos o Shabat.
Shabat é o dia de descanso semanal no judaísmo que inicia-se com o por do sol da sexta-feira onde é realizado o jantar.
O Daniel vem de uma família judaica e eu de uma família católica. Mas a proteção de todos os Deuses, Santos, Orixás, Oxalás são sempre bem-vindas e bem recebidas por nós. Além do que a comida típica é bem gostosa.
O Daniel iniciou os turnos às 8:00 enquanto eu descansava e o meu começou as 11:00 da noite. Recebi algumas orientações e lá fui eu para meu primeiro turno noturno.
Tudo tranquilíssimo, fazendo motorsail (para quem não sabe é navegar com velas e motor, pois o vento era bem fraco) até quando escutei um barulho agudo, como que uns assobios. Comecei a procurar de onde vinha, achei que pudesse ser do motor. Escutei atentamente e reconheci o som agudo. Golfinhos!!! Abri o zíper do “bimini” (proteção de lona que nos permite ficar secos e quentinhos no cockpit do barco) e ali bem pertinho estavam eles, saltando para mim. Ficaram pouco tempo e se foram…
Já havíamos visto alguns golfinhos hoje , mas estes me chamando no meio da madrugada me deixaram muito feliz.
Terminei meu turno e descansei mais 3 horinhas. Às 6:00 acordei para iniciar o último turno abençoada por um encantador nascer do sol.
A chegada a Charleston foi tranquila, praticamente sem vento. Estamos ancorados no Ashley River e amanhã iremos para uma marina no centro de Charleston e aqui ficaremos por uma semana.